'[Rec]' volta a Espanha com o Grande Prémio

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Fantasporto. Cinema espanhol em destaque

Um caso raro em festivais de cinema: o Grande Prémio Melhor Filme Fantasporto, [Rec], de Jaume Balagueró e Paco Plaza (Espanha), foi também Prémio do Público. Sinal dos tempos ou mera coincidência, acaba por ser o espelho fiel da temática dominante na 28.ª edição do certame portuense, que fechou ontem à noite com a exibição do filme The Mist, de Frank Darabont, após a entrega dos prémios.

O contacto entre extremos, sejam eles realidade e ficção, ricos e pobres, vilões e heróis, interior e exterior, ligou, coincidentemente, este Fantasporto de uma ponta a outra. Aliás, no próprio [Rec], cujos realizadores haviam sido ambos divulgados em Portugal por edições anteriores do festival, detectamos isso, quer na fusão de reportagem televisiva (ficcional) com o fantástico quer na evolução de um ambiente sonolento para uma atmosfera de terror e tensão asfixiantes. A recepção pelos espectadores, que dedicaram à fita um aplauso interminável, foi talvez o momento do certame.

De outro ângulo, claro, terá sido a balbúrdia "à antiga" criada no Teatro Sá da Bandeira em torno do "série Z" Ellos Robaran la Picha de Hitler. Mas voltemos aos premiados. Na Semana dos Realizadores, Opium - Diary of a Madwoman, do húngaro Janos Szaz, teve a preferência do júri, a sublinhar que não se resume à Roménia a nova vaga do cinema da Europa Oriental. É a história de uma relação entre um psiquiatra e uma paciente sua.

Se, na categoria Cinema Fantástico, o Prémio Especial do Júri recaiu em How To Get Rid of Others, de Anders Klarlund (Dinamarca), nesta última foi para o português The Lovebirds, de Bruno de Almeida, mosaico de uma Lisboa velha e nova, identitária e cosmopolita. A outro dos filmes--sensação em Espanha nos tempos recentes - a par de [Rec] -, El Orfanato, coube a melhor realização da Secção Cinema Fantástico, crédito de Juan Antonio Bayona, tendo igual distinção sido atribuída a Roy Andersson (Suécia), na Semana dos Realizadores, por You, The Living.

Na galeria dos "injustiçados" ficaram The Band's Visit, de Eran Kolirin (Israel/França), apesar do Prémio da Crítica e do de melhor actor (Sassom Gabai), já que, quanto a nós, foi o melhor filme do festival, e Rio Turvo, de Edgar Pêra, cuja não distribuição nacional é bem mais triste do que o fado que ele conta e canta.|

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